Aborto de Repetição (Perdas Gestacionais Recorrentes): Investigação e Tratamento

Aborto de Repetição, ou Perdas Gestacionais Recorrentes (PGR), é definido como três ou mais perdas consecutivas de gravidez. Este artigo detalha as principais causas conhecidas, que incluem fatores genéticos (translocações cromossômicas), anatômicos (septos uterinos), hormonais (disfunção da tireoide e Progesterona) e, notavelmente, os imunológicos e trombofílicos (Síndrome Antifosfolípide). O foco é no protocolo de investigação detalhado da PGR e as opções de tratamento na Reprodução Assistida, incluindo o PGT e terapias imunomoduladoras.
Aborto de Repetição | Dra. Nadine Ziegler | Ginecologia e Reprodução Assistida

Aborto de Repetição (Perdas Gestacionais Recorrentes): Investigação e Tratamento

Experimentar uma perda gestacional é doloroso. Experimentar o **Aborto de Repetição (Perdas Gestacionais Recorrentes – PGR)**, definido classicamente como três ou mais perdas consecutivas de gravidez antes da 20ª semana, é uma jornada emocionalmente devastadora. Embora uma única perda seja comum (afetando cerca de 15% das gestações), a recorrência exige uma investigação médica minuciosa e especializada. A Reprodução Assistida, por meio de seu conhecimento avançado em implantação e genética, oferece protocolos de investigação e tratamento que podem transformar a história reprodutiva de um casal. Este artigo aborda as causas mais frequentes de PGR e o caminho para o diagnóstico e tratamento.

O Protocolo de Investigação: As Principais Causas de PGR

A investigação das PGR é complexa e precisa ser sistemática, pois em cerca de 50% dos casos, a causa permanece “inexplicada”, o que aumenta o sofrimento do casal. Contudo, em casos recorrentes, a chance de encontrar uma causa tratável é maior.

1. Fatores Genéticos e Cromossômicos

A causa mais comum de perdas gestacionais isoladas é a aneuploidia (alterações cromossômicas) no embrião, mas nas perdas de repetição, o foco se volta para os pais. A investigação inclui o **Cariótipo com Banda G** de ambos os parceiros. Se um dos pais for portador de um **rearranjo cromossômico estrutural** (como uma translocação balanceada), ele tem um risco aumentado de produzir gametas desequilibrados, levando a embriões inviáveis. Nesses casos, a solução é o Teste Genético Pré-Implantacional (PGT-SR) em um ciclo de FIV, para selecionar apenas os embriões geneticamente normais.

2. Fatores Anatômicos Uterinos

Anormalidades na cavidade uterina podem impedir a implantação ou o desenvolvimento adequado do feto. A investigação inclui a Ultrassonografia 3D e, principalmente, a **Histeroscopia Diagnóstica**. As patologias mais comuns são: **Septo Uterino** (malformação congênita que reduz o espaço e a vascularização), **Sinéquias (aderências)** e **Miomas Submucosos**. O tratamento, nesses casos, é cirúrgico, por meio da Histeroscopia Cirúrgica, que corrige o defeito e restaura o ambiente uterino.

3. Fatores Trombofílicos e Imunológicos

Os fatores **Trombofílicos** (tendência a formar coágulos) e **Imunológicos** estão entre as causas mais desafiadoras e controversas. A **Síndrome Antifosfolípide (SAF)** é a trombofilia adquirida mais importante, caracterizada pela presença de anticorpos que causam trombose da placenta, levando à falha no suprimento de oxigênio e nutrientes. O tratamento para SAF é bem estabelecido: uso de AAS (ácido acetilsalicílico) e Heparina de baixo peso molecular (anticoagulantes) durante a gravidez. Outras alterações imunológicas, como a disfunção de Células Natural Killer (NK) ou rejeição embrionária, são pesquisadas em centros especializados, com tratamentos individualizados e, por vezes, complexos.

4. Fatores Endócrinos e Hormonais

O controle hormonal da gravidez é vital. A investigação endócrina inclui a avaliação da **função tireoidiana** (hipotireoidismo não tratado é um fator de risco) e o rastreio de **diabetes não controlada**. A **Insuficiência de Fase Lútea** (baixa produção de Progesterona no início da gravidez) é debatida, mas a suplementação de Progesterona é uma prática comum em pacientes com PGR, especialmente naquelas que engravidam via FIV.

O Tratamento na Reprodução Assistida: Do PGT à Imunomodulação

Para casais com Aborto de Repetição, a Fertilização In Vitro (FIV) muitas vezes não é apenas para engravidar, mas sim uma ferramenta de diagnóstico e tratamento.

Uso Estratégico do PGT-A e PGT-SR

Mesmo na ausência de anomalias genéticas parentais, o PGT-A (para rastreamento de aneuploidias) é uma opção importante, especialmente se a idade materna for avançada. Como a aneuploidia é a causa mais comum de perda, transferir um embrião comprovadamente euploide é a forma mais eficaz de reduzir o risco de um novo aborto. Em casos de rearranjos cromossômicos parentais, o PGT-SR é a única solução para a gravidez de um feto saudável.

A Terapia Imunomoduladora

Para causas imunológicas ou para os casos inexplicados (que podem ter uma base imunológica), o especialista pode recorrer a terapias imunomoduladoras, como a infusão de Imunoglobulinas Intravenosas (IVIG) ou a terapia com intralipídios. Essas terapias visam “acalmar” o sistema imunológico materno para que ele não ataque o embrião, que é um “corpo estranho” para o organismo. É um campo em constante evolução, e a indicação deve ser criteriosamente avaliada pela Dra. Nadine Ziegler.

O Aborto de Repetição é um desafio que exige paciência e o olhar de um especialista. Lembre-se: ter perdas não significa que você nunca terá um filho. Significa que precisamos descobrir o porquê. A ciência da Reprodução Assistida oferece um arsenal de ferramentas diagnósticas e terapêuticas para desvendar as causas e guiar você a uma gestação de termo. O sofrimento das perdas tem solução, e o primeiro passo é a investigação correta.

Se você ou alguém próximo precisa de ajuda especializada, agende uma consulta com a Dra. Nadine Ziegler. Venha já visitar a nossa clínica.

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